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“Isso me deu uma sensação de frescor e eu não conseguia parar de rir”, lembra o jovem da primeira vez que usou maconha, quando tinha 13 anos e acabara de começar o ensino médio. Agora, com 20 anos, ele ainda não consegue largar o vício.

A equipe do Mainichi Shimbun conheceu o jovem em 2022, durante o verão. A equipe estava investigando o aumento no uso de cannabis entre jovens e, com a ajuda de uma organização sem fins lucrativos na cidade de Fukuoka que apoia jovens delinquentes, conseguiram entrevistar o jovem.

Agressões na infância

Ele nasceu em uma cidade na região de Kyushu e foi criado apenas pela mãe, que trabalhava como recepcionista em um bar. O jovem relatou ter sido agredido pela mãe e ter fugido repetidamente de casa, sendo levado posteriormente pelo conselho tutelar.

Ao começar o ensino médio, ele saía com os amigos todas as noites. Em uma dessas noites, foi abordado por um homem adulto no estacionamento de uma loja de conveniência. “Vamos trocar um cigarro por isso. Cheire isso”, disse o homem mais velho, oferecendo-lhe maconha.

Quando saiu de um reformatório juvenil pela segunda vez, aos 16 anos, após cometer agressão em uma casa de bem-estar para jovens em situação de risco, seu amigo da escola secundária o presenteou com maconha. Sua mãe havia desaparecido após sua primeira liberação do reformatório, então ele sobreviveu trabalhando em canteiros de obras ou em um clube anfitrião, sempre fumando maconha quando se sentia sozinho.

O início com o tráfico

Com 17 anos, um conhecido o apresentou a um grupo de traficantes de maconha com sede em Fukuoka. Ele se juntou ao grupo, pensando que conseguiria comprar suprimentos mais barato. O jovem procurava clientes no Twitter e outras plataformas de mídia social, usando jargões japoneses para referir-se a maconha. Quando ambas as partes concordavam, ele se encontrava com o cliente em um parque próximo a um distrito de entretenimento animado ou em uma rua, vendendo maconha por 2.000 a 7.000 ienes (cerca de US$ 15 a US$ 52) por grama.

Ele afirmou: “Às vezes, eu procurava universitários na rua para ver se eles estariam interessados em comprar maconha”. As conversas do grupo de revendedores nas redes sociais mostraram processos de negociação com supostos compradores. O repórter verificou várias imagens que pareciam ser de maconha em seu smartphone.

O maior medo

“Eu aceitei o fato de que posso ser preso, já que estou ganhando dinheiro com algo errado”, o jovem disse sinceramente ao repórter. “Mas eu ganho até 1 milhão de ienes (cerca de US$ 7.500) por mês. Crianças do ensino fundamental e médio também compram de mim”. Ao mesmo tempo, ele também tem medo da sua forte dependência da droga.

Ele se casou aos 18 anos e tentou cortar laços com o negócio de cannabis trabalhando na construção, mas voltou a ele após meio ano e posteriormente se divorciou.

“Eu dependo das drogas para esquecer as coisas ruins do dia a dia e o fato de que eu já quis morrer por ter sido agredido por minha mãe. Mas quando o efeito passa, eu me deparo com a realidade onde nada mudou, e eu odeio isso, então eu volto a usar”, o jovem disse, dando uma risada seca. “É difícil, pois eu sei que é errado, mas não consigo largar”.

Fonte: Mainichi Shimbun

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