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Um Desafio Emergente: Administração da Herança

Em Tóquio, a empresa de limpeza Bxia lida com o legado da crescente população de idosos solitários. As mortes no Japão estão superando os nascimentos em uma proporção de 2 para 1, transformando a organização da propriedade dos mortos em um negócio em demanda, bem como um pesadelo administrativo.

Tsuyoshi Sakota, o presidente da Bxia, separa uma pilha de documentos deixados pelo falecido proprietário de um apartamento.

Funcionários de Bxia trabalham meticulosamente em um apartamento, embalando e organizando os pertences acumulados de uma mulher idosa que morreu sozinha. Entre fotografias de família amareladas, pilhas de papéis e objetos de valor, esses trabalhadores lidam com o delicado processo de separação e despejo dos pertences dos mortos.

A Face da Demanda: Bxia e o Negócio de Organizar Pertences

Miwa Yuzawa, presidente da Bxia, relata um aumento constante de demandas semelhantes. A empresa, especializada em separar e organizar os pertences dos falecidos, é uma das muitas empresas desse tipo que prosperam no Japão.

Com o crescente número de pessoas idosas que morrem sozinhas, parentes sobrecarregados ou sem tempo para lidar com os pertences dos falecidos muitas vezes terceirizam essa tarefa para empresas como a Bxia.

Uma Questão Social Crescente: Mortes Solitárias

A situação está se agravando, com um número crescente de casos onde simplesmente não há parentes para reivindicar a herança. Isso é exacerbado pelo fato de que cada vez mais pessoas estão vivendo sozinhas. Segundo o censo nacional de 2020, o Japão contava com 21,1 milhões de lares com apenas um residente, um incremento de 14,8% em comparação com o censo anterior de 2015. Desse total, aproximadamente um terço, ou seja, 6,72 milhões, eram constituídos por idosos de 65 anos de idade ou mais vivendo sozinhos.

Ao longo dos anos recentes, este conjunto de casas desocupadas situado em um bairro abastado emergiu na imprensa japonesa como um ícone do dilema crescente do distrito com as propriedades abandonadas. Segundo a pesquisa governamental mais recente, realizada em 2018, Setagaya possuía aproximadamente 50.250 propriedades desabitadas, conhecidas como akiya, englobando também apartamentos – a quantidade mais elevada dentre todas as jurisdições japonesas.

Desafios Administrativos e Novas Legislações

Para solicitar um administrador de herança, é necessário efetuar um pagamento antecipado de ¥ 1 milhão ao tribunal de família. Esse procedimento é geralmente benéfico apenas para pessoas com interesses específicos – por exemplo, aqueles que possuem uma reivindicação contra o falecido.

“Portanto, na prática, é provável que existam muitos casos onde os bens do falecido ficam em estado de incerteza, incluindo contas bancárias inativas”, afirma Takeuchi, referindo-se a depósitos que permanecem sem uso por uma década ou mais.

Anualmente, cerca de ¥ 120 bilhões em contas bancárias tornam-se inativas. Uma lei recente, no entanto, permite agora que esses fundos sejam direcionados pelo governo para apoiar organizações sem fins lucrativos. Além disso, em 21 de junho, uma revisão legislativa aprovada pela Dieta permitiu que esses recursos fossem destinados a startups com uma forte missão de interesse público.

Enquanto isso, a decisão sobre a destinação final dos bens materiais, incluindo apartamentos e casas, pode ser “bastante complexa”.

A Complicação das Casas Abandonadas

Em Tóquio, as mortes solitárias, ou “kodokushi”, onde os idosos são encontrados mortos em suas casas após dias, semanas ou até meses, estão aumentando. Essas mortes muitas vezes deixam para trás apartamentos ou casas que se tornam uma dor de cabeça administrativa.

Após a morte de um inquilino, geralmente leva cerca de seis meses até que um novo inquilino possa entrar no apartamento. Entretanto, um fenômeno crescente de casas abandonadas, ou “akiya”, está tornando a situação ainda mais complexa.

Akiya: Um Desafio Crescente

As casas abandonadas são cada vez mais comuns em todo o Japão. De acordo com uma pesquisa do governo, havia cerca de 8,49 milhões de casas desocupadas em todo o país em 2018. A maioria dessas propriedades permanece abandonada devido ao alto custo da demolição e aos obstáculos legais associados à venda ou aluguel.

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